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Chuvas históricas colocam em risco casarões do Centro de Cuiabá; MISC é monitorado para evitar colapso

Chuvas históricas colocam em risco casarões do Centro de Cuiabá; MISC é monitorado para evitar colapso

As chuvas intensas que atingem Cuiabá neste mês de abril — o mais chuvoso dos últimos 64 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) — acenderam o alerta no Centro Histórico da capital, onde importantes estruturas patrimoniais estão ameaçadas. Um dos pontos mais críticos é o Museu da Imagem e do Som de Cuiabá (MISC), monitorado pela Secretaria Municipal de Cultura e pela Defesa Civil após o surgimento de vazamentos e risco de desabamento.

A situação se agravou após um novo desmoronamento na antiga Gráfica Pêpe, cuja estrutura compartilha uma parede com o MISC. O secretário de Cultura, Johnny Everson, informou que uma infiltração foi detectada e que uma vistoria técnica será realizada para avaliar o grau de risco e definir ações emergenciais.

“Precisamos agir rápido para evitar que o MISC desabe. A parede da gráfica está pressionando a do museu, e isso exige medidas urgentes”, alertou o secretário.

Além do MISC, outros imóveis tombados também foram danificados. Desabamentos foram registrados nas imediações da antiga Secretaria de Estado de Turismo e na sede histórica do Iphan, que está em reforma. A Defesa Civil interditou ruas próximas e, com apoio da Secretaria de Obras, realizou escoramentos emergenciais para evitar novos colapsos.

O secretário Johnny Everson também relembrou um fracasso anterior na tentativa de revitalizar o Centro Histórico. Segundo ele, em 2013, o Governo Federal destinou R$ 11 milhões para a restauração dos casarões, mas apenas 5% do valor foi utilizado devido a entraves legais e falta de consenso entre os herdeiros dos imóveis.

“É preciso um esforço conjunto entre município, estado, União e sociedade civil para destravar essas intervenções. Sem esse alinhamento, o patrimônio segue em risco”, reforçou.

Para enfrentar a situação, o secretário de Defesa Civil, coronel Alessandro Borges, anunciou a criação de um grupo de trabalho com representantes do Crea-MT, Iphan e outras secretarias para mapear e vistoriar todos os imóveis tombados do Centro Histórico.

“Precisamos de um diagnóstico completo para saber por onde começar. Sem essas informações, não é possível traçar estratégias de recuperação”, explicou Borges.

No bairro, uma residência também foi interditada após desabamento parcial. A via foi bloqueada pela Semob, e a Defesa Civil orientou a colocação de lonas sobre o imóvel, seguindo recomendação técnica do Crea-MT e do Iphan. O proprietário aguarda autorização oficial para iniciar reformas.

A estimativa é que existam cerca de 400 casarões históricos no Centro de Cuiabá. Enquanto não há um plano de ação unificado, o patrimônio segue vulnerável às chuvas e ao abandono.

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