A Polícia Civil de Mato Grosso finalizou, na última sexta-feira (9 de maio), a primeira etapa da investigação que apura o assassinato do advogado Renato Nery, de 72 anos, executado a tiros no dia 5 de julho de 2024, em frente ao seu escritório em Cuiabá. A apuração, conduzida pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), revelou detalhes sobre a dinâmica do crime e apontou quatro envolvidos diretamente: um policial militar, um caseiro e um casal que teria encomendado o homicídio.
Execução encomendada por disputa de terras
Segundo a investigação, o crime foi motivado por um conflito fundiário. O casal mandante, residente em Primavera do Leste, teve a prisão temporária decretada e foi detido. Conforme o inquérito, o policial militar atuou como intermediário, fornecendo a arma do crime e repassando-a ao caseiro de uma chácara em Várzea Grande, responsável por pilotar a moto e atirar contra o advogado.
Ambos foram indiciados por homicídio qualificado, por promessa de recompensa e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Eles continuam presos preventivamente à disposição da Justiça.
Premeditação comprovada
As investigações da DHPP comprovaram que o crime foi meticulosamente planejado. O executor monitorou a rotina da vítima por dias e, inclusive, ensaiou o ataque na véspera, se posicionando no mesmo local e horário onde viria a cometer o homicídio. O assassinato só não ocorreu no dia anterior, possivelmente por algum contratempo.
Após o crime, o caseiro fugiu em uma motocicleta Honda Fan até uma chácara no bairro Capão Grande, em Várzea Grande — percurso de cerca de 30 quilômetros. Todo o trajeto foi registrado por câmeras de segurança, inclusive nas imediações do imóvel usado como esconderijo.
Tentativa de encobrir o crime
O inquérito também revelou um episódio paralelo: quatro policiais militares foram indiciados em uma investigação paralela que apurou o suposto confronto armado ocorrido sete dias após o homicídio. A arma usada no assassinato foi encontrada na ocasião, mas as apurações demonstraram que não houve troca de tiros e que as armas foram plantadas na cena, numa tentativa de encobrir o crime e simular confronto com criminosos.
Exames periciais e outras evidências apontaram que as pessoas abordadas pelos militares não estavam armadas, e os quatro agentes optaram por ficar em silêncio durante os depoimentos.
Nova fase da investigação em andamento
Com a primeira parte do inquérito encerrada, a DHPP agora trabalha em uma investigação complementar para identificar:
- Quem fez o pagamento aos executores;
- O caminho percorrido pela arma até ser descartada no suposto confronto;
- Outras pessoas que possam ter intermediado o crime ou contribuído para a tentativa de ocultação.
Entre os mandantes, a mulher optou por colaborar com a investigação, enquanto o homem se manteve em silêncio durante o depoimento.
O crime
Renato Nery foi baleado em frente ao próprio escritório na avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá. Chegou a ser socorrido e passou por cirurgia em um hospital da capital, mas não resistiu aos ferimentos. Desde então, a Polícia Civil vem realizando diligências e levantamentos periciais para elucidar completamente o caso.
A conclusão dessa fase representa um avanço crucial para a responsabilização dos envolvidos em uma execução brutal que chocou o meio jurídico e a sociedade mato-grossense.
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