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MP investiga possíveis irregularidades na gestão de Aron Dresch e eleição da FMF

MP investiga possíveis irregularidades na gestão de Aron Dresch e eleição da FMF

A condução da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF) entrou na mira do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), que instaurou um inquérito civil público para apurar supostas irregularidades administrativas e falhas no processo eleitoral da entidade. O procedimento foi aberto pela 26ª Promotoria de Justiça Cível de Cuiabá, especializada em Fazenda Pública e Fundações, sob responsabilidade do promotor Renee do Ó Souza.

A portaria, assinada na última quarta-feira (16), exige que a FMF encaminhe, em até 15 dias, uma série de documentos e esclarecimentos que ajudarão a verificar a legalidade da gestão atual e a transparência do processo eleitoral. Entre os itens solicitados estão a cópia integral do estatuto da federação, o cronograma da eleição, detalhes sobre a escolha da comissão eleitoral, a lista preliminar dos votantes habilitados, e informações sobre a divulgação do edital em veículos de imprensa de grande circulação. Também foi requisitado um descritivo do sistema de votação adotado.

A investigação foi motivada por denúncias de possíveis desvios de conduta no processo de eleição interna, incluindo o descumprimento de normas estatutárias, falta de publicidade nos atos oficiais, uso indevido de recursos financeiros, compra de votos e até coação de eleitores. Um dos pontos centrais é o atraso no cumprimento do calendário eleitoral. Segundo o artigo 8º, parágrafo 4º do estatuto da FMF, a eleição deveria ter ocorrido no dia 12 de abril, com a convocação da assembleia sendo feita cinco dias antes. No entanto, o edital foi publicado apenas no dia 16 de abril, com a nova data da eleição marcada para 3 de maio.

O atual presidente da federação, Aron Dresch — ex-dirigente do Cuiabá Esporte Clube — está no comando da FMF desde 2017 e já foi reeleito em 2021. Fontes próximas ao dirigente afirmam que ele é candidato novamente, buscando um terceiro mandato. Recentemente, Dresch também participou da votação que garantiu a permanência de Ednaldo Rodrigues na presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Além da apuração eleitoral, o Ministério Público determinou a análise de contratos, convênios e acordos firmados entre a FMF e entes públicos das esferas municipal, estadual e federal, para investigar possíveis desvios de finalidade no uso de verbas públicas. Também será feito um levantamento sobre ações judiciais que envolvam a gestão atual da federação.

Como medida preventiva, o MPMT recomendou à FMF a adoção de práticas que assegurem a integridade e transparência do pleito. Entre as sugestões estão a criação de um canal oficial para recebimento de denúncias, ampla divulgação de todas as etapas do processo eleitoral no site da entidade, presença de observadores independentes durante a votação, sigilo garantido do voto, e regras claras sobre uso de recursos e estrutura da federação no período eleitoral, com o objetivo de evitar abuso de poder econômico.

Procurada para comentar a instauração do inquérito e as denúncias, a Federação Mato-grossense de Futebol afirmou que não vai se manifestar no momento, alegando que ainda não foi oficialmente notificada pelo Ministério Público e desconhece os detalhes da apuração.

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