Em meio à programação da FIT Pantanal, um dos principais temas debatidos no Fórum Empresarial de Desenvolvimento Econômico na última quinta-feira (6) foi o déficit na infraestrutura hoteleira de Mato Grosso. O encontro reuniu representantes do setor hoteleiro e autoridades estaduais para discutir caminhos que impulsionem o turismo, especialmente nas cidades em crescimento acelerado pelo agronegócio e pelo turismo de negócios.
Interior em foco: demanda cresce mais rápido que a oferta
A rede Slaviero, que já atua em Várzea Grande, Rondonópolis e Primavera do Leste, anunciou planos de expansão para cidades estratégicas como Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop e Nova Mutum. Segundo Diego Soares, diretor de Novos Negócios da empresa, o avanço econômico de Mato Grosso não está sendo acompanhado por uma estrutura hoteleira compatível com as necessidades do mercado.
“Falta tanto quantidade quanto qualidade de bandeiras hoteleiras no interior”, apontou Soares, destacando que a rede busca oferecer um serviço profissionalizado em áreas ainda negligenciadas.
Na mesma linha, a Rede Inter também aposta no interior mato-grossense. Alex Morales, gerente geral e diretor de marketing e vendas, reforçou que o agronegócio é o grande motor da hotelaria atual, embora haja desafios na capacitação de mão de obra e na logística de insumos.
Setor público aposta no turismo como motor econômico
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, César Miranda, frisou que o turismo está ganhando protagonismo nas políticas públicas do estado.
“O turismo é uma indústria limpa, que gera emprego e combate visões distorcidas da Amazônia”, declarou. Ele também lembrou que mais de 60% do território mato-grossense é preservado.
Para o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, existe capital local pronto para investir em hotéis de porte médio, os chamados mid-scale. Ele destacou o interesse crescente do empresariado do agro em diversificar os negócios através da hotelaria, utilizando modelos variados como gestão própria ou parcerias com grandes redes.
Números comprovam avanço do setor
A coordenadora-geral de Atração de Investimentos do Ministério do Turismo, Cinthia Garcia Marques, revelou que o Brasil conta hoje com 152 projetos hoteleiros em andamento, o que representa um salto de 57 novas iniciativas em relação a 2024. Segundo ela, as cidades médias com vocação para negócios se tornaram um novo polo de atração, e a criação de áreas especiais com incentivos fiscais pode acelerar a transformação do interior mato-grossense.
Já o presidente da Fecomércio-MT, José Wenceslau Junior, reforçou o impacto direto do turismo na economia estadual: foram mais de R$ 91 milhões arrecadados em ICMS em 2023, uma alta de 25% em comparação com o ano anterior.
“Precisamos melhorar a infraestrutura para acolher melhor os turistas e criar um ambiente de negócios competitivo”, alertou Wenceslau.
Parque Novo Mato Grosso: vitrine de oportunidades
Entre os projetos em andamento, o Parque Novo Mato Grosso, em construção em Cuiabá, desponta como um divisor de águas para o turismo de eventos. Segundo o presidente da MT Par, Wener Santos, o parque promete ser o maior multieventos da América Latina, com atrações como a maior roda-gigante do continente, kartódromo, toboágua e áreas de lazer de alto padrão.
“A estrutura será grandiosa, mas é preciso garantir uma rede hoteleira robusta para atender a essa demanda crescente”, destacou.
Com crescimento impulsionado pelo agronegócio e pela vocação turística, Mato Grosso se vê diante de uma grande oportunidade de transformar o turismo em um vetor estratégico de desenvolvimento econômico — desde que consiga superar o obstáculo da falta de hospedagem profissionalizada nas regiões de maior expansão.
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